Para se deleitar com o sarcasmo de José Saramago: "Caim", livro escolhido para o próximo encontro.
Abaixo, um trechinho de uma resenha publicada na Revista CULT.
"Ao discutir constantemente com deus, caim desvela o absurdo de compreender qualquer texto em sua literalidade, como palavra absoluta; de ouvir sem interrogar, de agir sem duvidar, de compreender o texto arcaico de uma cultura como história universal e única verdade.
Nesse confronto, há uma interpelação contrária ao discurso narcísico em que o ser deus seria pura volição. A determinada altura, aí está uma revelação de fato, ou melhor, da ficção: “(…) a vida de um deus não é tão fácil quanto vocês creem, um deus não é senhor daquele contínuo quero, posso e mando que se imagina (…)”. Eis o alvo do dedo/deus: o leitor ingênuo, os leitores obedientes, também os que necessitam das catástrofes, e nós, na figura de um leitor implícito, convocados em cumplicidade com o herói caim, que vem pôr abaixo a substituição da humanidade, fundada no repetitivo discurso do Mesmo.
Esse é o caim outro, herói em conflito com o poder da palavra, em viagem da ficção, 'ao deus-dará', como indica o narrador."
SIMAS, Monica. No início era o verbo, depois vieram as interrogações. Revista Cult, São Paulo, n. 141, nov. 2009.
Até breve!
comecei a leitura na semana passada... um pouco complexa e este saramago mostra-se um pouco mais irônico do que o que eu conheci em objecto quase e ensaio sobre a cegueira.
ResponderExcluirestou a me adaptar com os fluxos de idas e vindas da narrativa.
espero que todos estejam gostando!